A Segurança É Pública!
Uma agradável conversa com colegas da "Escola do Podcast", captando as visões e experiências pessoais e profissionais deles quanto a aspectos da Segurança Pública.
Saiba mais!
- BATALHÃO RURAL - PMGO
- Livro - Efeito Sombra
- Arquivos Podcast - Escola do Podcast
- WALDIR FRANZINI
- Atlaslipicast - UM ATLAS EM FORMA DE PODCAST - Rowney Furfuro
- Marcelo Madeira
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Transcript
ANFITRIÃO:
Honoráveis Ouvintes! Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Hextramuros Podcast! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião.
No episódio de hoje, os conduzirei em uma participativa conversa, premiada com as ilustres participações de 4 de meus colegas do “Escola do Podcast”, os quais aceitaram minha provocação de falar um pouco de suas percepções acerca de proteção pessoal e como o tema Segurança Pública reflete no cotidiano de cada um deles, pessoal ou profissionalmente.
Caríssimos e obstinados companheiros: Dando-lhes as boas-vindas, agradeço imensamente a todos pela maneira ágil com que responderam e aceitaram ao convite para fazer barulho neste episódio! Na informalidade de nosso protocolo, peço que se apresentem e narrem um pouco dos propósitos de seus podcasts.
IURI:
Olá, Washington! Tudo bem? Me chamo IURI TOTTI. Sou jornalista. Estou produzindo um podcast que vai se chamar “Corrida Informa”, que vai falar sobre corridas de rua, corrida de montanha, aventuras e tudo que gira em torno desse esporte que é correr.
WALDIR:
licado em Primeiro de Maio de:ROWNEY:
Em primeiro lugar; saudações a todos os ouvintes do Hextramuros. Os nossos agradecimentos em nome de toda equipe do Atlas Lipicast, do “Podcast Atlas Lipicast” ao nosso amigo Washington, agradecendo pelo convite para estarmos aqui, todos reunidos, e podermos falar sobre os nossos projetos de podcast.
Eu sou ROWNEY FURFURO. Sou médico-dentista. Vivo em Portugal, radicado em Portugal, há 35 anos, apesar de ter nascido no Brasil e tenho um podcast, que é o Atlas Lipicast! O Atlas Lipcast fala e trata essencialmente sobre malformações congênitas da face, são conhecidas como fenda lábio palatina e, nós, providenciamos suporte de informação, de conhecimento entre as pessoas e trocas de conhecimentos e trocas de experiências, através de entrevistas com profissionais, através de entrevistas com pessoas que nasceram com a fenda lábio palatina e com os pais ou os educadores de pessoas que nasceram com essa malformação congênita, que está longe de ser rara! A fenda lábio palatina afeta um a cada 650 nascimentos! É um número bastante expressivo, especialmente se nós pensarmos que, a cada 3 minutos no mundo, nasce uma criança com essa malformação congênita! Na realidade, o nosso podcast é uma prestação de um serviço social em prol de todas as pessoas que nasceram com a fenda lábio palatina e para que todas as que venham ter essa malformação congênita, no futuro, poderem encontrar e ter disponibilizado uma fonte segura de informação fidedigna, sem romantizar, mas, sem dramatizar, obviamente, porque o que se quer é que as pessoas obtenham uma qualidade de vida igual às outras pessoas, com alegrias e tristezas, mas que não seja relacionada com o fato de ter nascido com uma fenda lábio palatina!
MARCELO:
u nasci no Rio de Janeiro, em:ANFITRIÃO:
Como indagações iniciais, eu pergunto se vocês possuem preocupação ou rotina preventiva de proteção pessoal e, se já passaram por situação em que foi necessário o acionamento de unidade policial e como foi o desfecho?
WALDIR:
Quando eu ainda era jovem, eu ainda residia na capital de São Paulo, eu fui assaltado, na verdade! Fui abordado por 2 rapazes, os quais roubaram o veículo, com a gente dentro desse veículo. Nos levaram para um lugar ermo. Felizmente, nada mais aconteceu, porque eles queriam mais os bens, como dinheiro, como cheques - essas coisas todas! E nos largaram no ermo. E foi quando eu acionei a Polícia Militar para nos resgatar e fiz a ocorrência. Em outros momentos, tive furtos, mas nada coisas mais sérias!
ROWNEY:
Essa é uma situação que talvez seja alheia e estranha para os nossos ouvintes no Brasil, mas, a qualidade de vida que se tem a viver em Portugal, nos dias que correm, ainda, é muito diferente da realidade do Brasil de, há 30 anos, quando eu saí do Brasil, 35 anos, nesse caso. Nessa altura, já havia uma preocupação constante de risco iminente, quando se andava na rua. Havia muitos lugares onde a gente não podia transitar! Se você me perguntasse, há em Portugal zonas de risco de assaltos, de agressões, é claro que há! Como em todo lado, as zonas degradadas e onde a toxicodependência pode gerar situações de estresse. Mas, essa é uma realidade que não ultrapassa esses limites, normalmente! É muito raro você encontrar alguém em Portugal que tenha uma situação de um carro blindado, ou de um segurança, um guarda-costas! Raramente, essas coisas acontecem e são muito circunscritas às grandes cidades, especialmente, Lisboa e Porto, porque, de resto, na maioria das coisas, das cidades, esse tipo de preocupação, não existe. Então, eu nunca tive nenhuma experiência dessa natureza, porque, nos 23 anos que vivi no Brasil nunca tive experiências dessa ordem e, dos últimos 35, vivendo em Portugal, tampouco. Muito pelo contrário! Tenho uma tranquilidade muito grande de viver. Vivo com uma despreocupação no âmbito desse tipo de situação de violência urbana, mesmo vivendo no Porto, que é a segunda maior cidade do país!
MARCELO:
Sim. Algumas vezes, tanto no exterior como no Brasil!
IURI:
Washington: prevenção e canja de galinha não fazem mal a ninguém! Por morar no Rio, instintivamente, já sabemos por onde e como andar pelas ruas da cidade. Moro aqui há mais de 47 anos e nunca passei por qualquer situação que precisasse, acionar um policial. Ainda bem! Espero que continue assim!
ANFITRIÃO:
Waldir; nas suas interações pessoais e profissionais, percebes carências e necessidades ligadas à prevenção ou repressão de delitos que afetam aos operadores do agronegócio, sejam eles pequenos ou grandes produtores?
WALDIR:
São várias carências e necessidades ligadas à prevenção! Você sabe que a violência deixou de ser um fenômeno urbano e tornou-se também uma chaga nas zonas rurais e, principalmente, nas comunidades agrícolas. Há algum tempo, a crescente onda de violência contra a população rural já mobilizou as entidades do agronegócio para iniciativas de proteção, reivindicação e organização social. Crimes contra a vida humana, o patrimônio privado, a liberdade, saúde pública, aumentam nas comunidades rurais, praticados por bandidos, facínoras - vamos dizer assim - contra a família de trabalhadores, produtores e empresários do setor primário. Os produtores, hoje, são vítimas de um sistema de segurança frágil que os faz sofrer nas mãos de quadrilhas especializadas também! O campo sofre com a crescente onda de violência, inicialmente, com crimes relacionados aos roubos de animais, implementos agrícolas, maquinários, veículos e insumos e, também, com invasão de residências. Aqui trago uma pesquisa, já tem alguns anos, do Instituto CNA, que é o Conselho Nacional de Agricultura, que levantou, naquela época, uma mostra em 17 estados no Brasil e que, a partir das denúncias feitas, levantou alguns primeiros resultados que mostram que os furtos representaram 49% dos crimes ocorridos, seguidos por roubos, com 33%; depredação: 12%. Assassinatos: 35% e queimas: 3%. Outro dado relevante, que eu gostaria de trazer, constatou que 74% dos crimes foram praticados em propriedades de até 500 hectares.
ANFITRIÃO:
Marcelo, a tua rodagem pelo mundo te permitiu fazer comparativos acerca da sensação de segurança vivenciada no Brasil? O que mais te chama atenção neste comparativo?
MARCELO:
Olha! Eu acho que não há lugar nenhum do mundo, onde haja uma segurança plena! Qualquer lugar que a gente for, a gente vai sentir alguma sensação de insegurança. Qual o país que tem a segurança plena? Agora, o que me chama atenção, nos lugares todos que eu visitei, os lugares em que eu senti menos violência, em que eu me senti mais seguro eram, justamente, os países que adotam uma política clara do Wellness Statement, que é: políticas públicas visando o social.
ANFITRIÃO:
Doutor Rowney; conheces, em tuas andanças, algum projeto que atenda, presencial ou virtualmente, a saúde da população carcerária? Acreditas que a humanização de tratamento desta parcela possa reverter em benefícios para a sociedade?
ROWNEY:
Eu, do que me lembro, Washington, eu tenho recordações de um trabalho do Dr. Dráuzio Varella, que trabalhava junto ao sistema penitenciário, nessas comunidades penitenciárias. Ele fazia um trabalho de levar saúde, levar não só informação, mas, também, cuidados elementares de saúde a essa população. Eu, próprio, aqui em Portugal, eu vivi em Leiria durante muitos anos, tenho uma clínica nessa cidade, que é uma cidade no centro do país. Eu trabalhei durante muitos anos com um acordo, com aquilo que as pessoas chamam no Brasil de convênio, com o Ministério da Justiça. Nós atendíamos a essa população penitenciária aqui e às pessoas que estavam no cumprimento das suas penas, numa prisão escola que há em Leiria. Sem dúvida nenhuma que nós encontramos todas essas vertentes da questão social que leva, de fato, as pessoas a essa parte, a essa face do sistema penitenciário, que é o cerceamento da liberdade e, as pessoas que, eventualmente, cometeram seus erros, com dolo ou sem dolo, mas, que estão a pagar o preço que a sociedade estabelece por esses erros, é óbvio que essas pessoas também precisam ser acompanhadas. Acontece que a nós, profissionais de saúde, não nos cabe julgar rigorosamente nada! Nós somos da área da saúde. Não somos talhados para fazer julgamento. Para isso, existe o sistema judiciário. Eles é que tratam dessas questões. O nosso papel é prestar cuidados de saúde! Porque, no nosso entender, enquanto profissionais de saúde, a humanização é uma prerrogativa de defesa dos direitos fundamentais! Então, é esse espírito humanista que nos deve reger! Se isso traz benefícios para a sociedade? Com certeza que traz, porque uma sociedade onde as diferenças não sejam tão exuberantes, provavelmente, essa equidade de valores e de comportamento acaba por trazer uma sociedade menos abrutalhada, menos invasiva, menos permissiva às prevaricações e, com certeza, isso torna a sociedade melhor para todos! A convivência fica mais saudável entre todas as pessoas.
ANFITRIÃO:
Yuri; a seu ver, qual a razão para que a cidade do Rio de Janeiro, a exemplo de outras grandes cidades, nas quais podíamos andar tranquilamente, registre tantas ocorrências de violência? Acreditas em reversão do atual cenário? Por que?
IURI:
Washington; essa sua pergunta é profunda, hein!? Acho que ela valeria uns 10 episódios no teu podcast! Mas, vamos lá: Isso tudo tem um aspecto histórico de séculos! Por isso, começo respondendo que, como um homem branco, repudio profundamente o papel histórico dos colonizadores na repressão ao povo negro! Para mim, essa é a origem da violência no Brasil, principalmente no Rio. Escravizado, ao deixar de ser uma posse dos brancos, passou a ser alvo de injustiças sociais. Foi perseguido, torturado, preso, morto e desaparecido. Infelizmente, isso ainda acontece, hoje. Mesmo “livre”, ele continua a viver sob a Lei da Chibata. A pecha de ser uma pessoa de segunda classe cruzou anos e só agravou a desigualdade social, desembocando no que vemos hoje por aí. No Rio, em especial, há o convívio da riqueza e da pobreza nos mesmos territórios. Então, nesse caso, nos referimos a uma violência que tem como pano de fundo escassez e revolta. Para além desses 2 fatores, precisamos falar da forma como, no Rio, o crime organizado atua por dentro do poder público, que deriva no controle violento dos territórios, tanto no caso das milícias como no caso da contravenção do tráfico. Há também uma forte propaganda armamentista! Isso tem se refletido no incremento, por exemplo, das estatísticas de feminicídio, do discurso machista e LGBTQIAfóbico. Precisamos ser realistas, porque leva tempo para cortar as raízes da violência. Andamos poucas casas, mas, com certeza, vamos ganhar esse jogo. Se eu acredito na reversão do atual cenário? Sempre! Sou um cara otimista! A reversão desse cenário tem que ser uma busca constante do Estado por políticas sociais e, não, optar pela simples solução do enfrentamento, que só faz crescer as estatísticas de morte de inocentes, policiais e criminosos! Ao meu ver, é preciso rever o currículo escolar. Trabalhar, nas escolas, a desconstrução da cultura da violência. Investir em programas que sejam atrativos para os jovens, criar oportunidades de crescimento para eles, oferecer possibilidades mais interessantes do que o crime. investir pesado em políticas sociais, no acolhimento e acompanhamento integral das famílias vítimas da violência. Investir em segurança pública, numa concepção que garanta direitos. Ter uma polícia treinada para proteger a vida e os Direitos e, não para matar e encarcerar! Esses números, no Brasil, são alarmantes e assustadores! São mais de 60.000 mortes por assassinato, por ano. Em sua maioria, de negros e, quase 1.000.000 de encarcerados. É preciso trocar o enfrentamento com o crime organizado nas comunidades pelo uso de inteligência e tecnologia. Apesar de tantos fatores adversos, é bom ressaltar que uma minoria de jovens negros e pobres que se envolvem com o crime.
ANFITRIÃO:
Waldir; considerando que o recurso da utilização de armas de fogo está vinculado, em geral, às necessidades reativas de seus proprietários, entendes que soluções tecnológicas aptas à prevenção de sinistros, proteção de perímetros e segurança pessoal seriam de maior eficácia?
WALDIR:
As inovações tecnológicas hoje disponíveis para a gente, essas soluções, podem ajudar. Mas, eu diria, que só podem, talvez, complementar. Porém, acredito que na maioria delas, elas são inócuas ou insuficientes ainda. Por que? Áreas distantes e isoladas de núcleos urbanos, muitas vezes de difícil, a ausência de internet, ou mesmo de sistema de comunicação, altos investimentos para a agricultura familiar, micro e pequenas propriedades, etc. O uso, hoje, de armamento e o uso de armas, é uma questão lógica, básica, mínima e supereficiente e super necessária! Ou seja, eu considero que o uso de armas é uma das maiores vitórias do meio rural. De quem vive, trabalha e produz lá. O objetivo não é armar o campo, mas, é criar condições de proteção a essas famílias residentes! É uma maneira de você defender o seu patrimônio, a sua família, sua vida. Aonde você tem reação, mesmo que se considere isso uma atitude reativa.
ANFITRIÃO:
Marcelo; pedindo desculpas por eventual indiscrição, pergunto se a opção de morar em local mais isolado guarda vínculo com alguma necessidade de menor preocupação com a questão da segurança.
MARCELO:
notícia agora, de janeiro de:ANFITRIÃO:
Rowney; registras diferenças relevantes na forma de abordagem e tratamento com o público adotadas pelos pacificadores sociais (os policiais) do Brasil e de Portugal? Quais seriam?
ROWNEY:
Washington; eu não tenho propriedade para falar sobre essa questão, no que diz respeito aos profissionais, dos pacificadores sociais, como tu lhes chamastes, que atuam no Brasil, porque eu estou fora do Brasil há 35 anos. E a realidade do Brasil mudou muito! Visto de fora, e a minha opinião fica muito factível, fica muito discutível, visto de fora, nós acabamos por consumir informação que nos chega através de meios de comunicação social. E isso nem sempre reflete a realidade de, tanto das dificuldades que essas pessoas enfrentam, quanto daquilo que realmente é o seu exercício profissional. Os elementos pacificadores, aqui em Portugal, regem-se muito pelo princípio europeu e, a cultura e a educação europeias, são elementos que tem algumas diferenças, algumas nuances, em relação àquilo que eu conheci no Brasil. Até porque, eu fui educado, ainda, sob a égide de um regime militar, de uma linha política condutora muito rígida. Eu me lembro de, na primária, nós fazermos formação no pátio, antes das aulas, para cantar o Hino Nacional e hastear a Bandeira. Por isso, a realidade, hoje, do Brasil é uma realidade que, para mim, é muito distante e que não me permite fazer essa comparação. O que eu posso dizer é que, imagino que, no Brasil, como em Portugal, como em qualquer lugar do mundo, e nós vemos isso também através das notícias que nos chegam nas cadeias e informativas, existem profissionais com responsabilidade, com consciência, com qualidade, tanto técnica quanto moral, em todas as áreas da prática de exercício profissional dos seres humanos. E não será, certamente, diferente nos pacificadores sociais. Haverá gente muito boa e muito bem intencionada a cumprir o seu trabalho com zelo e haverá, certamente, aquelas peças que se desviam do sentido do sistema e que acabam por manchar ou denegrir toda uma estrutura. A gente ouve casos e não vale a pena reforçar nenhum desses pontos. O que interessa, de fato, é que esses elementos sociais, esses pacificadores sociais - eu achei interessante o seu adjetivo, são absolutamente necessários, porque, uma sociedade que não tem regras, que não tem limites, é uma sociedade muito complexa de se estabelecer convivência de forma sã, saudável, porque a educação, embora seja um direito, ela precisa ser institucionalizada primeiro, ela precisa ser instituída primeiro. Para que as pessoas possam exercer os seus direitos, elas têm que aprender a respeitar os direitos dos outros antes de tudo. É assim que acontece desde que a criança entra na sua escola primária. É assim que ela deve começar dentro de casa. A gente tem aquela máxima, expressão: “a educação vem do berço!” É exatamente assim que eu acho que deve ser. Então, esses elementos sociais, de um lado e de outro, eu acredito que estejam todos eles feridos da mesma legitimidade e enfermados das mesmas dificuldades e problemas, seja de um lado ou do outro, porque, no fundo, estamos a falar de seres humanos e, seres humanos, independentemente do seu credo, da sua origem, tem características que nós sabemos que são bastante semelhantes e, por isso, é importante a educação e o comprometimento com as regras em sociedade.
ANFITRIÃO:
Yuri; muitas das instituições ligadas à segurança pública promovem diversas atividades esportivas abertas ao público em geral. Tal como a Corrida Contra a Corrupção, com etapas em várias unidades da federação, organizadas pela Associação dos Delegados da Polícia Federal. Já participou de alguma delas? Qual a tua percepção acerca dessas iniciativas?
IURI:
Washington; conheço essa corrida, mas, nunca tive a oportunidade de participar. Para mim, esporte e educação têm que andar lado a lado na formação de crianças e jovens, desde o berçário, digamos assim, porque isso vai trazer benefícios para eles no futuro. Existem inúmeros projetos, programas no Brasil e no mundo que mostram que essa dupla - educação/esporte, quando estão juntos, só trazem benefícios!
ANFITRIÃO:
Mestre Valdir; propaga-se pelo Brasil a modalidade de policiamento realizada pelas polícias militares, denominada Patrulha Rural, com objetivos de aproximação com as comunidades agrícolas e rurais e atuação contra a prática de crimes contra a vida e patrimônio. Conheces e acreditas que tal iniciativa alcança êxito nas referidas comunidades? Por quê?
WALDIR:
gional. Aqui em Goiás, desde:ANFITRIÃO:
Marcelo; comentei dias atrás contigo, durante nosso evento semanal da Escola do Podcast, acerca de minha impressão, como operador de segurança pública, da desproporcional narrativa que engrandece figuras de criminosos, desmerecendo ou omitindo aqueles que levaram tais figuras às barras da Justiça. A que você atribui tal fenômeno? Ele se repete em outros países por onde você esteve?
MARCELO:
Essa pergunta, já, entra no ramo da Psicologia! A gente tem que chamar o Carl Gustav Jüng! Que ele tem um trabalho maravilhoso, nos anos 50, sobre sombras e, basicamente, ele diz o seguinte: ele diz que todos nós, todos nós, temos um lado sombrio que nós mesmos, nós próprios, nós o renegamos. Para viver em sociedade, esse lado sombrio a gente renega, todo dia, toda hora! Quando a gente vê uma celebridade, um vilão - e eu não vou fazer distinção nenhuma, porque, geralmente, esses vilões chegam até nós, esses vilões da vida real, porque você mencionou na vida real, os bandidos da vida real, eles nos chegam através da mídia e a mídia tem um caráter fantasioso, aquelas questões das narrativas e, essa gente sabe muito bem da publicidade, enfim! A turma do Jornalismo, os caras sabem fazer narrativa! Então, há uma identificação nesse personagem, mas, uma identificação do lado sombrio de tudo aquilo que é renegado e que aquela pessoa está espelhando. Aquela pessoa está trazendo aquilo que ela não pode trazer, que ela tem que renegar frente à família, frente à sociedade. Há um tipo de admiração por essa pessoa ter soltado todas as suas sombras perante a sociedade, sem receio nenhum, sem moral nenhuma, sem pudor nenhum. Tudo o que ela não pode fazer, perfeito? Eu estou falando isso e eu não sou psicólogo! Eu só estou dando umas pinceladas no que eu entendo do que é o trabalho de Carl Gustav Jüng, em relação às sombras. Tem livros maravilhosos sobre isso! E, também, mais recentemente, eu li um livro muito bom, que se chama The Shadow Effect, que eu acho que, em português, é O Efeito Sombra. Muito bom! É de um indiano, médico indiano, Deepak Chopra. Ele retoma os trabalhos do Jüng, mas, uma conotação mais moderna. Poxa, assim, do que eu entendo disso; por que amamos os vilões? Porque, você vê, a Disney tem vilões clássicos: Star Wars - Darth Vader e tantos outros! A literatura está cheia de vilões maravilhosos! Eles, realmente, são eles que motivam a história! São eles que tiram o herói da zona de conforto! São os vilões! Então, é isso! Olha; dá para fazer um episódio inteirinho sobre isso!
ANFITRIÃO:
Senhores; que sugestão dariam para que políticas públicas sejam mais efetivas na segurança pública, possibilitando maior sensação de tranquilidade para toda a população?
MARCELO:
Para mudar a segurança pública, a gente deveria fazer 2 coisas principais, que é um profundo trabalho de sensibilização do que é, de fato, a prática dos Direitos Humanos! E uma prática profunda do que é exercer a Cidadania! Do que eu entendo, do que seria Segurança Pública, do que eu entendo que seria política pública, que envolve a segurança. Então, a sugestão para melhorar a segurança pública é que todos tenham o direito a exercer a Cidadania. E como é que se exerce a Cidadania? Tendo plenos direitos democráticos, acesso à educação, saúde, ao mínimo, ao mínimo da sobrevivência!
WALDIR:
Eu diria: nós precisamos extirpar o sentimento de impunidade no Brasil, em todos os níveis, em todos os sentidos! No Brasil, o sentimento de insegurança é bastante alto, o suficiente para ser considerado, talvez, uma questão de saúde mental pública. Alguns fatores da estrutura socioeconômica têm sido os geradores ou, então, os causadores desta criminalidade. Dentre eles, eu poderia citar: a imigração regional, a má distribuição de renda, o aumento da taxa de desemprego, a precariedade, quando não, a falta de serviços públicos como saúde, educação, etc. Todos esses problemas acabam por responder à pobreza, permitindo e reforçando as muitas formas de exclusão. Estes problemas estão presentes em nosso país há muitos anos e, com o cenário de corrupção e impunidade que assola o nosso país, infelizmente, esses fatores citados acima tendem a piorar! Porém, existem outras situações que estão ganhando ainda um grande crescimento, como os mercados ilegais, crescimento do uso de drogas, consequente disputa por pontos de venda e, nessas situações, o Estado parece, sequer, ter conhecimento em sua totalidade, o que dirá de medidas de prevenção. O Estado deve, portanto, tomar medidas sérias e rígidas de combate à criminalidade e à preservação da segurança, adotando novas soluções tanto no quadro jurídico quanto institucional. Repito: o sentimento de impunidade é total!
IURI:
Washington; a minha sugestão é que os direitos precisam ser iguais para todos e, não só, para alguns! Se todos tiverem os mesmos direitos, a sociedade, com certeza, será mais justa, em todos os sentidos!
ROWNEY:
No meu entendimento Washington; a principal questão a que o estado deve refletir e direcionar os seus esforços é na educação. “Educar as crianças para não ter que punir os adultos”. É um lugar comum, mas, é uma realidade insofismável. Eu tenho a certeza absoluta que, com mais investimento na educação de uma população, essas mazelas, essas patologias sociais tenderiam a uma redução e uma desestimulação, um decréscimo claramente benéfico para o bem-estar de todas as pessoas. Viver em sociedade implica fazer concessões, implica respeitar o direito do próximo. Por isso, eu acho que o Estado poderia, sim, focar a sua ação no capítulo da educação. Não pode continuar a ser, para sempre, a educação e a saúde a pagar o preço das crises econômicas que o país vai atravessando de forma cíclica e sazonal! Tem que haver um momento em que essa cadeia se quebre e que as pessoas percebam, sejam governantes, sejam governados, de que, com saúde e educação é, de fato, possível construir uma sociedade muito sã!
ANFITRIÃO:
Prezados; desdobrando para o final de nossa agradável conversa, repito o meu agradecimento, desejo muito sucesso a todos vocês e deixo este espaço para suas considerações finais.
Grande abraço e minha imensa gratidão!
WALDIR:
Sempre às ordens, Washington! Feliz e honrado em participar do seu podcast. Grande sucesso para você!
IURI:
Washington; muito obrigado pelo convite! Foi um prazer trocar ideia com vocês! Sucesso para todos, principalmente para você, que tem essa missão, com esse seu podcast. Muito obrigado por tudo! Até uma próxima!
ROWNEY:
Caríssimo Washington; foi uma alegria muito grande poder participar dessa reunião de eméritos obstinados da nossa mui querida Escola do Podcast, aqui, contigo, como mediador dessa conversa e com um tema tão importante, pertinente e atual como esse. É uma alegria enorme poder contribuir e dar aqui o nosso ponto de vista, apesar de estarmos distanciados da realidade do Brasil, mas, acompanhando sempre, com carinho o desenrolar do que vai sendo a evolução da sociedade Brasileira. Espero que a nossa participação tenha contribuído de alguma forma para enriquecer esse programa e, aos ouvintes do Hextramuros, um enorme “Bem Haja”, que é uma forma de saudação que nós utilizamos aqui, em algumas regiões de Portugal, que significa uma deferência muito de agradecimento, de reconhecimento e, ao mesmo tempo, é um sinal de gratidão e humildade. Por isso, Bem Haja a todos vocês e, espero, que a gente volte a se encontrar num projeto como esse, promovido por Hextramuros ou por um dos outros colegas obstinados. Será, sempre, uma alegria muito grande contribuir com essas participações! Um forte abraço a todos os colegas e um grande abraço para ti, Washington!
MARCELO:
Oi, Clark! As minhas considerações finais: primeiro; agradecer o seu podcast, seu trabalho que você está fazendo, essa voz que você está dando na segurança pública, essa bandeira que você está levantando que, nada mais é do que humanizar, humanizar a questão da segurança pública! Porque eu estou achando isso, que nós precisamos humanizar todas as nossas relações! Humanizar! Humanizar tudo! Humanizar o sistema de saúde, humanizar o sistema de segurança pública, humanizar a economia! Eu quero ver uma economia a serviço do ser humano e não o ser humano a serviço da economia! Nós temos que reverter essa lógica desumana que, parece que o ser humano está a serviço das coisas. Não! Não! É a coisificação! Nós estamos nesse período, de coisificação! Não, não! A gente tem que reverter isso! Então, seu podcast é uma pérola nesse mar revolto. Muito bacana! Muito bacana, mesmo! Desde a primeira vez que eu vi... eu, primeiro, ouvi falar do teu podcast, eu já fiquei super interessado, falei: Nossa! Que assunto! É difícil falar sobre esse assunto! Então, parabéns demais! E, poxa, está de pé aquele convite, pra gente trabalhar narrativas? Grande abraço pra você!
ANFITRIÃO:
Honoráveis Ouvintes! Este foi mais um episódio do Hextramuros Podcast. Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião. No episódio de hoje, conversei com meus colegas da Escola do Podcast: Rowney Furfuro, Waldir Franzini, Marcelo Madeira e Iuri Totti, captando a percepção pessoal deles acerca de proteção pessoal e segurança pública.
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Será um prazer receber sua colaboração.
Pela sua audiência, muito obrigado e até a próxima.