Episode 114

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Published on:

10th Jan 2025

EVIDÊNCIAS. EXTRAÇÃO DE DADOS E CADEIA DE CUSTÓDIA EM AMBIENTES PRISIONAIS.

Neste conteúdo, gravado em meados de 2024, o foco está na capacitação dos policiais penais nas técnicas de extração e preservação de evidências em dispositivos eletrônicos apreendidos em unidades prisionais. O convidado, Stanley Gusmão, traz sua bagagem de experiências na Polícia Penal da Paraíba e compartilha seus conhecimentos sobre como o treinamento técnico e a colaboração entre instituições podem fortalecer as operações de Inteligência Penitenciária e combater o crime organizado, lecionando sobre a importância da cadeia de custódia e das normativas nacionais e internacionais que garantem a integridade das provas recolhidas, além de destacar a relevância de compreender o contexto do sistema penitenciário e das facções criminosas para a eficácia das rotinas carcerárias. Ao final, a conversa reforça a necessidade de integração entre as forças de segurança para melhor enfrentar os desafios da criminalidade.

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Transcript
Washington Clark dos Santos:

Honoráveis Ouvintes! Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Hextramuros! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião! Neste conteúdo, especial e extraordinário, trago um tema fundamental para o fortalecimento das atribuições dos policiais penais e, por consequência, da segurança pública no Brasil. Com a participação do policial penal Stanley Gusmão, abordaremos sobre a capacitação destes profissionais para as atividades de extração e preservação de evidências em dispositivos eletrônicos apreendidos nas unidades prisionais, explorando como o treinamento técnico, o entendimento das normativas e o trabalho em parceria com outras instituições podem aprimorar as operações de inteligência penitenciária e o combate ao crime organizado.

Para começar, Stanley, dando-lhe as boas-vindas e agradecendo pela gentileza em aceitar nosso convite, você pode nos contar um pouco sobre sua carreira e qual o principal objetivo deste evento de capacitação?

Stanley Gusmão:

Agradecendo, inicialmente, ao convite para estar expondo um pouquinho de conhecimento que temos, de quase 12 anos dentro da Polícia Penal do Estado da Paraíba e, paralelamente, agregando conhecimentos e a também disseminar esses conhecimentos como professor das técnicas de extração avançada de dados em dispositivos telemáticos! O início da jornada começou há 12 anos como plantonista de unidades prisionais, passando para coordenador de plantão, vice-diretor de unidade prisional, responsável pelo núcleo de inteligência em unidade prisional e há quase seis anos de inteligência penitenciária. E, paralelamente ao sistema penitenciário, a área de inteligência, a busca de conhecimento na área forense, tanto computacional e também como a parte mobile, que é o nosso grande carro-chefe de conhecimento, passando também para análise de dados de drones. Hoje eu falo especialmente como professor da Academia Forense Digital -AFD- e, também, inscrito como perito judicial no Tribunal de Justiça da Paraíba como perito computacional e mobile. Os meus esclarecimentos não possuem nenhuma ligação com o sistema penitenciário! Estou aqui tentando agregar um pouco de conhecimento das técnicas avançadas de extração de dados telemáticos.

Washington Clark dos Santos:

Como os procedimentos técnicos ensinados neste evento, podem contribuir para garantir a confiabilidade, integridade e disponibilidade das evidências durante a extração de dados de dispositivos apreendidos em unidades prisionais?

Stanley Gusmão:

descarte. Então temos a RFC:

Washington Clark dos Santos:

Qual a importância de entender o histórico do Sistema Penitenciário Nacional e das facções criminosas para os policiais penais que lidam com a extração de dados?

Stanley Gusmão:

É essencial que o operador de segurança pública conheça o seu público para que pequenos detalhes, pequenos dados não passem despercebidos. Desde um simples papel aprendido dentro de um carro, dentro de uma cela, até uma extração de dados telemáticos, algo um pouco mais avançado, ele contém dados que se você não tiver um conhecimento prévio vai passar despercebido, que pode ser algo a mais em determinadas situações! Se você tiver, ali, milhões de dados processados, virando informações, se você não tiver um conhecimento prévio, o mínimo que seja, aquilo ali não vai servir de nada! Na segurança pública, em geral, sempre estamos um passo ou vários passos atrás da criminalidade. Todos os procedimentos operacionais, técnicos, e com a tecnologia agregada conseguimos mitigar esse lapso de atraso. Você tem que saber do contexto como um todo, ou saber a quem perguntar sobre aquilo ali se é interessante ou não!

Washington Clark dos Santos:

Quais são as principais normas e referências técnicas que os policiais penais devem seguir ao realizar a extração de dados em dispositivos eletrônicos apreendidos em estabelecimentos prisionais?

Stanley Gusmão:

Todos os envolvidos, tanto na parte operacional como na parte de extração, os policiais, têm que manter a integridade dos ilícitos, as evidências coletadas, para manter assim a cadeia de custódia. Sempre documentar do começo ao fim, sempre bem simplificado, documentar data, hora, local, registrar através de fotografias, com datas, horas, localizações -tem aplicativos específicos para isso-, quem foi que identificou, quem foi que coletou, quem foi que participou da operação, como foi encaminhado, através de documentos oficiais, quem foi que recebeu, quem manipulou, a ferramenta utilizada, a geração do Código HASH, justamente para manter a integridade do arquivo após a extração. Então, todos os procedimentos básicos para manter a integridade, tem que ter um conhecimento de todos, porque não tem dia, não tem hora, não tem local para a gente fazer uma coleta de evidência. Então, a gente tem que saber pelo menos o mínimo possível para a gente manter a integridade das evidências. Então, todos têm que estar envolvidos num mínimo de conhecimento possível.

Washington Clark dos Santos:

Quais são os passos essenciais no processo de extração de dados e qual a importância da qualificação dos policiais para a análise dos dados extraídos?

Stanley Gusmão:

Nós temos dois tipos de extrações. Falando de forma bem básica, nós temos as extrações básicas, através de transmissão de dados, através de softwares específicos e temos as avançadas, que vão buscar os dados diretamente do armazenamento do hardware. Então, a qualificação técnica de profissionais da área de segurança é muito importante para utilizar os diversos métodos de extração, que são vários, podendo-se utilizar uma técnica ou agregar várias outras técnicas.

Washington Clark dos Santos:

Como as parcerias com outras instituições de segurança pública podem fortalecer as operações de extração de dados e o combate ao crime organizado?

Stanley Gusmão:

É muito interessante essa parceria de instituições de segurança pública! Em muitos casos, nós não vemos essa integração! A integração é o carro-chefe das forças de segurança, de grande importância, pois, cada um possui suas caixinhas de suas especialidades. Então, se cada um abrir suas caixinhas para agregar de forma integrada, sem egos, todos ganham! Nosso inimigo é o mesmo! independente de instituição, independente de força. A nossa luta é diária e a falta da nossa integração, a falta de comunicação entre as forças é uma barreira gigantesca. E a gente tem que buscar, nas co-irmãs da segurança pública, a melhor forma de a gente conseguir levantar dados, processá-los e difundir para as instituições. Quem ganha é a sociedade!

Washington Clark dos Santos:

Em que medida a contratação de equipamentos e soluções tecnicamente mais robustas e eficazes pelas administrações prisionais podem aprimorar a atividade de extração e, por consequência, a coleta de dados para a inteligência penitenciária?

Stanley Gusmão:

As contratações de equipamentos, soluções técnicas mais robustas, eu falo em Segurança Pública, porque agrega em todas as instituições, a gente vê que é muito benéfica a contratação, mas que também vemos que soluções mais baratas, que têm uma metodologia, que têm procedimentos comprovados cientificamente, que fazem a mesma função de um equipamento de milhões! Mas, que os equipamentos de milhões também agregam muito! Eu acho que todas as soluções são possíveis e aconselhadas a ter, mas que também temos soluções bem básicas, como é o caso de uma extração avançada, que montamos um laboratório de 50 mil reais, você monta um laboratório que não fica atrás de nenhuma solução técnica! Tudo, hoje, nós estamos conectados a dispositivos, então as técnicas têm que ser as mais avançadas, com todos os tipos de equipamentos e soluções que tivermos condições de estar buscando! Mais caro, mais barato, nós temos condições de executar.

Washington Clark dos Santos:

Meu caro, marchando para o final desta conversa, o parabenizo pela iniciativa e te agradeço por compartilhar conosco os teus conhecimentos. Deixo este espaço para suas considerações finais. Grande abraço e sucesso na jornada!

Stanley Gusmão:

Meu agradecimento ao Doutor Clark pelo convite! Pela paciência! No grau de curiosidade! Que muitos não têm conhecimento dessas técnicas, que não são as únicas, não são as melhores do mundo! Eu falei: cada técnica é uma técnica para determinado tipo de situação, mas, esse conhecimento tem que ser exposto e que venha agregar às outras instituições, utilizando para o bem da sociedade. Então, agradeço mais uma vez o convite, fico à disposição de qualquer tipo de contato para esclarecimentos, refinamentos da utilização da técnica, cursos -tanto de preservação de evidência, montagem de laboratório-, aqui a gente está disposto a disseminar o conhecimento! Então, eu quero citar um provérbio africano para finalizar, ele fala que a união do rebanho obriga o leão a deitar-se com fome. Nossa integração, a nossa união, como Segurança Pública em geral, vai fazer diferença! E, qualquer coisa, sempre à disposição no que precisar!

Washington Clark dos Santos:

Honoráveis Ouvintes! Este foi mais um episódio do Hextramuros! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião!

No conteúdo de hoje, conversei com Stanley Gusmão, profissional da Polícia Penal da Paraíba e especialista em técnicas de extração e preservação de evidências em dispositivos móveis. Acesse os links de pesquisa em nosso website e saiba mais sobre este conteúdo. Inscreva-se e compartilhe nosso propósito!

Será um prazer ter a sua colaboração! Pela sua audiência, muito obrigado e até a próxima!

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About the Podcast

Hextramuros Podcast
Vozes conectando propósitos, valores e soluções.
Ambiente para narrativas, diálogos e entrevistas com operadores, pensadores e gestores de instituições de segurança pública, no intuito de estabelecer e/ou ampliar a conexão com os fornecedores de soluções, produtos e serviços direcionados à área.
Trata-se, também, de espaço em que este subscritor, lastreado na vivência profissional e experiência amealhada nas jornadas no serviço público, busca conduzir (re)encontros, promover ideias e construir cenários para a aproximação entre a academia, a indústria e as forças de segurança.

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Washington Clark Santos

Produtor e Anfitrião.
Foi servidor público do estado de Minas Gerais entre 1984 e 1988, atuando como Soldado da Polícia Militar e Detetive da Polícia Civil.
Como Agente de Polícia Federal, foi lotado no Mato Grosso e em Minas Gerais, entre 1988 e 2005, ano em que tomou posse como Delegado de Polícia Federal, cargo no qual foi lotado em Mato Grosso - DELINST -, Distrito Federal - SEEC/ANP -, e MG.
Cedido ao Ministério da Justiça, foi Diretor da Penitenciária Federal de Campo Grande/MS, de 2009 a 2011, Coordenador Geral de Inteligência Penitenciária, do Sistema Penitenciário Federal, de 2011 a 2013.
Atuou como Coordenador Geral de Tecnologia da Informação da PF, entre 2013 e 2015, ano em que retornou para a Superintendência Regional em Minas Gerais, se aposentando em fevereiro de 2016. No mesmo ano, iniciou jornada na Subsecretaria de Segurança Prisional, na SEAP/MG, onde permaneceu até janeiro de 2019, ano em que assumiu a Diretoria de Inteligência Penitenciária do DEPEN/MJSP. De novembro de 2020 a setembro de 2022, cumpriu missão na Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, no Ministério da Economia e, posteriormente, no Ministério do Trabalho e Previdência.
A partir de janeiro de 2023, atua na iniciativa privada, como consultor e assessor empresarial, nos segmentos de Inteligência, Segurança Pública e Tecnologia.