Episode 63

OPERAÇÃO MUTE - Segurança e Inteligência Integradas para o Fim das Comunicações Ilícitas em Unidades Prisionais.

Principal ferramenta utilizada pelo crime organizado para continuidade de delitos e a perpetração de violência nas ruas, os aparelhos celulares foram alvos de buscas simultâneas em unidades prisionais do país, iniciativa inédita coordenada pelo convidado, o Policial Penal Federal CESAR DELMONDES, lotado na DIPEN/SENAPPEN/MJSP.

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Transcript

ANFITRIÃO 0:07

Honoráveis Ouvintes! Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Hextramuros Podcast! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião. No conteúdo de hoje vamos explorar os bastidores da Operação Mute, uma iniciativa que, com certeza, trouxe impactos positivos à segurança pública em diversas partes do país. Para nos esclarecer, recebo e saúdo César Delmondes, um profissional dedicado e competente que, nesta operação, coordenou a execução das estratégias para coibir a utilização de aparelhos celulares no interior de unidades prisionais, simultaneamente, em unidades prisionais situadas em 23 unidades da Federação.

Externando os meus agradecimentos por você ter aceitado o convite, Delmondes, em seu nome, presto homenagem a todos e todas policiais penais que laboram diuturnamente para aprimorar a segurança das unidades prisionais e, assim, possibilitar um ambiente adequado para a individualização e a humanização da pena. Deste modo, no protocolo informal deste canal, peço que você se apresente, por favor!

DELMONDES 1:50

alista de Inteligência desde:

ANFITRIÃO 3:55

Para começar, poderia nos explicar os fundamentos e objetivos principais da Operação Mute?

DELMONDES 4:04

A Operação Mute tem como fundamento ações para o combate das organizações criminosas, principalmente as que operam dentro do sistema penitenciário brasileiro para, com isso, impactar diretamente na redução de homicídios e crimes violentos no cenário nacional. A gente tem um sistema penitenciário brasileiro que vem evoluindo bastante, principalmente tem um marco e, seu marco histórico, a criação do Sistema Penitenciário Federal. Mas, a gente possui muitas coisas a serem realizadas. Em que pese essa evolução, a gente tem mazelas a ser enfrentadas, em especial o domínio e a expansão de facções criminosas dentro e fora do sistema penitenciário brasileiro. E aí, dentre os delitos cometidos dessas facções que se utilizam desses delitos para sua expansão e fortalecimento, é o uso e a comunicação proibida de dentro das unidades. São fatores multicausais que influenciam nesse acesso a essa comunicação proibida. Fatores esses como os usuários, quer seja servidores, presos e visitantes, que, também, sofrem influência do ambiente, os meios de entrada, as estruturas físicas, a manutenção de todo o sistema e como eles se relacionam e interagem e como essas variáveis influenciam diretamente essa possibilidade de acesso à comunicação proibida. Visto e identificado esse problema, a nossa ideia foi atacar, diretamente, por meio de ações simultâneas organizadas pela COPIN, que é a Coordenação de Projetos de Inovação de Inteligência, da qual estou coordenador, gerida pelo nosso diretor Sandro Abel, em parceria total com os estados da Federação. A ideia principal da Operação Mute é por meio dessas ações sincronizadas, simultâneas, da qual vou tratar mais à frente e a gente conseguir diminuir o CVLI, impedir a explosão do crime organizado e influenciar diretamente na melhoria dos índices de segurança pública no cenário nacional do nosso país.

ANFITRIÃO 5:54

Quais são os principais riscos associados ao uso de aparelhos celulares por detentos e como esses dispositivos podem contribuir para a perpetuação de atividades criminosas de dentro das unidades prisionais?

DELMONDES 6:12

É uma pergunta bastante interessante essa que o senhor faz, porque hoje, sem dúvida alguma, nós classificamos como uma das piores e mais perniciosas ferramentas de expansão das atividades criminosas, principalmente pelas organizações criminosas, damos ao uso do celular, como essa ferramenta, infelizmente dessa não só expansão como o fortalecimento dessas facções que hoje operam no sistema prisional brasileiro! Nós temos um histórico nacional do surgimento da existência, da expansão e atualmente, da manutenção dessas dessas facções dentro do sistema penitenciário brasileiro, mas que, infelizmente, ainda temos falta de investimento para junto à Polícia Penal e, consequentemente, ao sistema penitenciário, para que possamos combater diretamente essas facções. É de uma gravidade, de um potencial danoso à sociedade, quase que impossível de podermos conceituar o tão pernicioso que isso é! Nós temos como exemplo, quando ocorre a segregação desse líder de facção para o sistema penitenciário federal, que pára de ter acesso, não somente a celular mas, começa a ter uma comunicação controlada com o mundo externo e o quanto isso influencia na capacidade de impedir a atos criminosos por essas facções. Temos um sistema penitenciário federal hoje que possui a grande cúpula de diversas facções criminosas brasileiras e está mais do que comprovado que quando ele passa a não ter a comunicação, logo, individualmente, eles vão perdendo cada vez mais o seu poder, a sua capacidade de continuar perpetuando o crime. Agora, quando isso não acontece, infelizmente, a unidade prisional passa a ser um bunker onde essas organizações criminosas, por meio de seus membros, articulam as mais diversas situações e atos criminosos! Portanto, o uso de celular é gravíssimo! É uma arma na mão dessas pessoas presas e, combater o uso desse celular é uma solução impactante e com resultados muito rápidos que a segurança pública pode operar, haja vista a Operação Mute e todo o resultado que ela trouxe.

ANFITRIÃO 8:31

Retirar aparelhos celulares de unidades prisionais é, sem dúvida, um desafio diário e significativo. Quais foram as principais estratégias ou tecnologia dias empregadas durante a Operação Mute para alcançar esse objetivo de fato?

DELMONDES 8:52

Primeiramente, retirar do policial penal a culpa direta dessa questão, porque existem muitos fatores, como eu disse, variáveis das mais diversas: estruturas dessas unidades, falta de efetivo, temos a questão da própria localização daquela unidade. Tudo isso, são fatores que levam a essa vulnerabilidade em relação à proibição da entrada de celulares no interior das unidades brasileiras. Visto essa problemática, nós, sem dúvida nenhuma, a estratégia principal é tudo aquilo que se deriva dela, baseia-se no potencial da polícia penal. A Operação Mute é a maior operação integrada feita pela Polícia Penal Federal e Polícia Penal estadual, desde a concepção e recepção da Polícia Penal na Constituição Nacional! Então, a estratégia foi a integração entre os entes federativos através da RENIPEN, que é a nossa Rede Nacional de Inteligência Penitenciária, em articulação diuturna com os pontos focais dessa rede. Traçamos objetivos, metas, fizemos um calendário de ação para podermos trabalhar e agora, fazendo aspas, de suma importância: aqui, por parte da COPIN, tendo acesso ao SISDEPEN, primeiro; com a ideia de realizar essa ação do nosso então diretor Sandro Abel e, a partir de algum lugar, a partir de um eixo, nós nos debruçamos nos dados que são inseridos pelos estados dentro do SISDEPEN e, através de uma análise matemática e estatística de eventos, percebemos um padrão de eventos críticos, tais quais motins, rebeliões, apreensão de drogas e celulares, repito, onde o próprio estado é que insere essa informação! Após analisarmos eventos e perceber que esses eventos tinham padrões, demos uma fatoração nessa perspectiva desses eventos e padrões analisados para, aí sim, instituírmos uma pirâmide de calor de quais unidades nós deveríamos e sugerimos aos estados para que essa operação fosse realizada, além de, também por meio da integração, ouvíamos os estados e dentro das nuances características de cada sistema - estamos falando de um país continental - nós estabelecemos as estratégias de qual o pessoal que nós íamos usar, que dia nós iremos operar, qual o horário em que a gente ia operar. Tudo isso foi discutido entre nós aqui da COPIN, apresentamos nosso modelo de percepção, de análise e os estados contrargumentaram, apoiando, ou não, sugerindo outra forma de atuação para a realização da Operação Mute. Então, o policial penal, ele é a grande estratégia! Também empregamos várias tecnologias, como o uso de equipamento para detecção de aparelhos celulares dentro das unidades, também aparelhos que podem bloquear o sinal e deixar ali uma zona morta, entre aspas, de atividade telefônica. Há detecção por meio de outras tecnologias. Até cães foram utilizados como recursos para a gente conseguir alcançar o que alcançamos dentro da Operação Mute. Então, foram vários fatores empregados para que pudéssemos ter o bom resultado que tivemos. Entretanto, nada de tecnologia é possível ter resultado como tivemos, sem o empenho da Polícia Penal. E, nesse aspecto, a polícia penal se provou competente, estabelecida e organizada para agir diretamente e contribuir com a sociedade brasileira no combate ao crime organizado e na diminuição dos crimes violentos.

ANFITRIÃO:

Além da retirada de aparelhos celulares, quais são as alternativas ou medidas que podem ser adotadas para impedir comunicações ilícitas nos presídios a longo prazo? Poderia compartilhar exemplos de práticas bem sucedidas que foram implementadas em algumas prisões para enfrentar o problema da reentrada de celulares e melhorar a segurança prisional?

DELMONDES:

Como bem colocado pelo senhor, a retirada do aparelho celular, infelizmente, se dá após falhas, principalmente de segurança orgânica, que levaram a entrada desse aparelho ao interior das unidades. Sem dúvida alguma, a maior alternativa e estratégia para impedir comunicações ilícitas nos presídios, não só a longo prazo, mas a curto prazo, é o estabelecimento de rotinas e procedimentos dentro da unidade. Nesse sentido, através de uma série de protocolos, é muito possível estabelecer diversas ferramentas. E aí eu faço valer, dentro da segurança orgânica, a teoria do círculo concêntrico, porque você vai ter estabelecido áreas de segurança máxima, área de segurança mínima, área administrativa dentro desse escopo de segurança orgânica, diversos protocolos, um fiscalizando o outro para que evite se a entrada de aparelhos celulares no interior das unidades. Mas, para que esses passos, rotinas e procedimentos sejam devidamente estabelecidos, sem dúvida nenhuma, é necessário um contingente policial adequado! Isso é o principal ponto! Agregado a isso. sem dúvida, também temos o uso de tecnologias tais quais: Body scan, portais detectores de metais, aparelhos de Raio X. Em lugares que forem convenientes, o uso de interruptores de sinal, tecnologia antidrone, uso de telas de cobertura nas unidades para evitar o lançamento mas, tudo isso, agregado diretamente às rotinas e procedimentos penitenciários. Revistas gerais e diretas! E eu gostaria de falar aqui qual é a base da Operação Mute: Ela ocorre sincronizada e simultânea em 27 unidades federativas, em uma ou mais unidades, onde há revistas gerais nas unidades previamente estabelecidas, onde essa revista é feita com um cuidado, com um foco de buscar esse celular no seu interior. Fazendo isso, nós estamos, além de buscar esse aparelho ilícito, essa prática criminosa acontece dentro do sistema penitenciário, levar a força da polícia penal e a sua presença, constante, dentro das unidades prisionais brasileiras! E quando se estabelece esses protocolos de rotina de procedimentos, nós temos, realmente, mudanças significativas não só para o sistema penitenciário brasileiro, mas para a segurança pública! Eu posso enumerar estados de sucesso. Em primeiro lugar; o Distrito Federal, pela longevidade de quanto e como esses procedimentos e rotinas estão valendo e o quanto isso reflete nessa não entrada de celular na unidade. Eu estou falando de um de um sistema penitenciário que tem um dos mais superlotados do Brasil, com a média de 17.000 presos e não tem aparelho celular no interior das unidades prisionais! Porque, desde a entrada dentro do complexo prisional ao acompanhamento da pessoa que entra, aos protocolos para os policiais, aos protocolos para os visitantes, aos protocolos para os presos, tudo isso, somado, gera uma barreira que dificulta e, no caso aqui do Distrito Federal, não entra celular! Isso já está há anos comprovado, porque a própria SENAPPEN, por meio de tecnologia, audita o Distrito Federal com uma certa frequência - não porque está ali fazendo um trabalho de fiscalização - mas, um trabalho por "N" questões, até de inteligência! E o Distrito Federal continua, ano após ano, se mostrando competente não só nessa questão de entrada de celular, mas, em toda a gestão prisional! E você tem diretamente o quê? Brasília, o Distrito Federal como, senão, uma das, a mais segura unidade federativa do nosso país! Então, através do Distrito Federal, como exemplo, fica claríssimo o quanto um sistema prisional controlado reflete no dia a dia da sociedade. E temos outros excelentes exemplos! Temos Roraima, que passou por uma crise absurda! Rio Grande do Norte, que teve a crise de dezessete em Alcaçuz, do qual participei; Roraima, em dezoito, do qual participei, pois era um sistema totalmente colapsado e, hoje, são modelos de rotinas e procedimentos penitenciários! Temos o Ceará, agora, lutando diuturnamente com a diminuição drástica dessa questão dos celulares, através de um trabalho muito bem feito do Secretário Mauro. Temos o Estado do Maranhão, com o Dr. Murilo, que fez uma revolução naquele sistema, levando o sistema a números que jamais se pudesse imaginar, visto a quem acompanhou a "Crise de Pedrinhas". Então, repare, eu falei três estados, quatro, três em especial, com crises severas - Rio Grande do Norte, Roraima, Ceará e Maranhão que, hoje, são exemplos, são sistemas penitenciários modelos! Santa Catarina jamais pode ser esquecido e, já a um bom tempo, não só no enfrentamento do celular, mas em todos os outros aspectos do sistema prisional, vem fazendo um trabalho belíssimo! Essas práticas todas que eu disse aqui, aliadas, levam não só a retirada, como a impossibilidade de entrada de celulares em todas as unidades prisionais. Também vale destacar que muitas unidades prisionais requerem uma nova estruturação física e outras, inclusive, serem derrubadas! Nós temos, infelizmente, dentro de (um mesmo) complexo penitenciário, unidades de anos setenta, oitenta, noventa, dois mil, o que dificulta quando você estabelece procedimentos, que muitos desses procedimentos são ligados também à estrutura física, que a unidade possui.

ANFITRIÃO:

A Operação Mute teve algum impacto mensurável nos índices de criminalidade ou na segurança pública em geral após sua realização? Se positivo, poderia compartilhar algumas estatísticas ou resultados?

DELMONDES:

O Ministério da Justiça e Segurança Pública entregou, neste final de dois mil e vinte e três, uma projeção da redução de 6% no número do CVLI. Sem dúvida nenhuma, a Operação MutE fez parte das ações que impactaram nessa redução tão significativa dos índices de Crimes Violentos Letais Intencionais no cenário nacional. Mas, tomando um estado onde não houve só Operação Mute, mas, também, todo o trabalho de apoio da SENAPPEN,, temos o Estado do Amapá, que começou o ano de dois mil e três como o pior estado nos índices de CVLI. Nos receberam. Foram humildes e tiveram uma visão de receber esse auxílio da SENAPPEN. E, para se ter ideia, utilizando o Estado do Amapá como exemplo, nós começamos as açõe da operação, lá, em setembro. De setembro para outubro, após as ações da Operação Mute, bem como outras ações, mas, com a Operação Mute em especial, uma redução de 52% de CVLI! Com a intensificação dessas operações e com a realização da segunda fase da Mute, nós tivemos essa redução para 64% do CVLI. Nós "pegamos" setembro com 42 mortes e, em novembro, tínhamos 15. A menor taxa anual! E aqui, mais uma vez, eu faço esse chamado da importância do papel da polícia penal no combate ao crime organizado e na diminuição dos índices de violência nos estados e no Brasil! Nós estamos falando da redução de 64% de CVLI! Óbvio que o Estado teve o apoio e o auxílio das demais coirmãs da segurança pública! Mas, por que é que eu estou tomando o exemplo do Estado do Amapá? Porque as maiores operações, as operações mais impactantes desse período que eu estou trazendo como espaço amostral, foram operações no sistema penitenciário! Com a Operação Mute, por exemplo, com a Operação Hégira 1 e 2, onde houve a segregação de 32 líderes de facção criminosa! Tudo isso, dentro do sistema penitenciário, leva a esse impacto positivo! Além disso, em estados como a Bahia e outros estados também, tiveram reduções significativas nessa questão da diminuição do CVLI. Além de mais uma vez, termos alcançado um importante marco, essa diminuição de 6% a nível nacional do CVLI. E outro estado, também, que registrou menor número de crimes contra a vida desde o início da série histórica, foi o Rio Grande do Sul que, coincidentemente, investiu muito na Operação Mute! Retirou mais de 800 celulares no interior das unidades durante a Operação Mute e, está aqui, hoje, o Estado, por não dizer, que teve o menor número de crimes contra a vida desde o início da série histórica. Menos de dois mil homicídios. Pela primeira vez, desde dois mil e dez! A Bahia; uma redução de 6%. Ou seja, tudo isso, tanto a Bahia como o Rio Grande do Sul, tiveram uma expressiva atuação da SENAPPEN junto ao sistema penitenciário do Estado para, com ações de inteligência, alcançar esses resultados tão maiores.

ANFITRIÃO:

Considerando que os detentos são bastante criativos na busca de alternativas para a comunicação, como a Secretaria Nacional de Políticas Penais apoia as administra ações prisionais no planejamento para a manutenção do controle sobre a situação a longo prazo, principalmente no tocante à implementação de tecnologias nas unidades prisionais.

DELMONDES:

De fato, se eu fosse exemplificar aqui todas as artimanhas que o crime organizado e os detentos utilizam, a gente vai ter que fazer um podcast só para tratar dessa questão, que vai desde a criação de antenas com materiais como tampa de marmita, a carregadores elétricos com materiais dos mais inusitados! Primeiramente, a SENAPPEN tem apoiado as administrações penitenciárias através de uma interação cotidiana e do acompanhamento de toda situação do cenário de segurança pública de cada estado. Nós temos pontos focais que cobrem todas as unidades federativas do Brasil e faz essa interface do Estado com a SENAPEN. Então, nós estamos também com o pessoal nessas unidades federativas para auxiliar os estados e fazer essa interlocução. A nível de tecnologia, no ano de dois mil e vinte e dois e, também, no ano de dois mil e vinte e três, a Secretaria Nacional de Políticas Penais fez o maior aporte financeiro no setor de inteligência da Segurança Pública, levando 32, quase 33 milhões de reais para o desenvolvimento e a estruturação dessas áreas de inteligência penitenciária. Tão somente a inteligência penitenciária junto às 27 unidades federativas do nosso país! É um aporte onde o estado, minimamente, o estado que menos recebe, recebe 450 mil reais para se estruturar, ou para ampliar, ou até, para modernizar aquilo que tem. Vai variar de acordo com a atual estrutura de cada unidade federativa e esse "33 milhões de reais" é voltado, tão somente, para a área de inteligência penitenciária. Em relação ao uso de tecnologias, esse valor é liberado para acesso dessas tecnologias. Obviamente, isso vai depender muito do estado. Em estado em que ele precisa, primeiramente, se estruturar de uma maneira mínima, desde material de escritório a um veículo. Mas, aqueles estados que estão mais à frente, podem, sim, lançar mão desse recurso para ampliar o seu parque tecnológico. E essas tecnologias são das mais variadas. A SENAPPEN atua pelo seu setor de contrainteligência. (Aqui, um grande abraço ao Napoleão, que está à frente desse setor e faz um trabalho incrível, como por exemplo para o "MODO AVIÃO", onde utiliza de uma tecnologia que é capaz de detectar através de uma varredura eletrônica, digamos assim, a quantidade de "IMSIs" e "IMEIs" naquela área, daquela unidade prisional). Há um trabalho, já, muito adiantado no processo da aquisição de mais tecnologias, bem mais modernas e atuais, para que possa compor as alternativas da SENAPPEN no apoio aos estados, para que a gente busque alternativas para que não tenhamos mais essa comunicação proibida no interior das unidades brasileiras. Além disso, a SENAPPEN promove a doação de bodyscans, Raio-X, pórtico detector de metal, raquetes detectoras de metal, agora, está ampliando também a tecnologia, um pacote mínimo de estruturação de CFTV. Tudo, isso que eu estou falando para vocês, aqui, sob a batuta do nosso maestro, Doutor Sandro Abel, que é um homem que conhece muito e tem muita sensibilidade em relação às necessidades da inteligência penitenciária nacional.

ANFITRIÃO:

Em termos de segurança nas unidades prisionais, como a colaboração entre as demais forças policiais e as agências estaduais de administração penitenciária é essencial para o sucesso de operações como a Operação Mute?

DELMONDES:

Assim como o crime organizado e a violência afetam todos os setores da segurança pública na sociedade, como, por exemplo, desde a economia até, muitas vezes, a locomoção, o direito da liberdade daquela pessoa, como é multicausal o que provoca a ação criminosa, a solução também, sem dúvida nenhuma, é multicausal! Em que pese o núcleo da Operação Mute ser, e ela tem sido, toda operada por policiais penais, em diversos estados contou-se com apoio das forças policiais, em especial das polícias militares que, ou colaboram diretamente, adentrando nas unidades para o controle daquela massa carcerária para que os policiais penais possam realizar suas revistas, mas, até, para identificar as facções criminosas que estão atuando dentro daquela unidade - quais são aqueles presos que estão sendo lideranças e articulando por meio desses aparelhos celulares, toda uma série criminosa no lado de fora e também dentro - E a administração penitenciária fazendo um levantamento de quais são as vulnerabilidades, quais são aqueles que estão utilizando disso, quais estratégias podemos utilizar para combater isso! Então, toda essa integração, sem dúvida nenhuma, é essencial para um bom resultado da Operação Mute e de todas as outras operações de Segurança pública! Para a gente falar não só dessa colaboração com as demais forças policiais, nós precisamos, primeiro, levar à máxima conta a necessidade da regulamentação da polícia penal, que já faz esse incrível trabalho, como a Operação Mute, que vem mais uma vez, repito, alcançando números extraordinários, influenciando diretamente no combate a Crimes Violentos Letais Intencionais para que os policiais penais trabalhem dentro de critérios técnicos que já o fazem, porque já demonstram a excelência de seu trabalho por meio de operações como a Mute, já demonstram, não só da Mute, mas, como, por exemplo, o sistema penitenciário federal, hoje, que segrega facções perniciosas de nível internacional, urge a necessidade dessa regulamentação! Não só da regulamentação, mas como a devida valorização do policial penal e, principalmente, do policial penal federal, que hoje exerce um trabalho ímpar no cenário nacional e vem sofrendo, infelizmente, com essa ausência de regulamentação!

ANFITRIÃO:

Que benefícios vislumbra com a dotação pela Secretaria Nacional de Políticas Penais, de equipamentos tecnológicos padronizados para que as agências de inteligência penitenciária, imediatamente à apreensão dos dispositivos ilícitos nas unidades prisionais, façam a extração dos dados desses aparelhos?

DELMONDES:

Quando nós falamos de comunicação, falamos de tecnologia, obviamente! Então, nós tivemos todo um processo de tecnologia durante esses últimos 20 anos, mas que, infelizmente, quando usado de forma perniciosa é, sem dúvida nenhuma, um duro golpe contra a sociedade! Em relação à extração dos dados desses aparelhos, dentro da competência da polícia penal, essa identificação da pessoa, do usuário do aparelho, pode levar essa pessoa à devida a punição propriamente dita. Sem contar que, quando identificado é levado às autoridades competentes, as autoridades policiais, para que essas possam abrir e dar continuidade ao inquérito policial ou ao próprio Ministério Público, se fizer necessário, à Polícia Federal, enfim, a todos aqueles que se fazem competentes para ter esse acesso da identificação e, deixando bem claro que, a extração de dados do sistema penitenciário brasileiro, dentro do âmbito do sistema penitenciário, é para identificação daquele que está tentando burlar a proibição do uso do aparelho celular. Então, essa extração é de muita valia, para o sistema penitenciário para que nós possamos identificar, e segregar e punir, esse que está usando de aparelho celular lá dentro. E, também, entender como é que esse aparelho está entrando lá! Também é uma forma de identificação dos dados que estão lá dentro. O que for visto, identificado como prova policial para um possível inquérito e um possível processo judicial, vai ser encaminhado às autoridades competentes. Então, sem dúvida nenhuma, a extração desses dados para identificação dessa pessoa que está utilizando é importantíssima! Além das questões de inteligência, que pode, por exemplo, se valer de uma contrainteligência, uma ameaça contra o servidor, autoridades, tentativas de fuga, enfim, tudo isso é possível através da extração de dados desses aparelhos e a SENAPPEN possui, já, estudos e está no processo de compra, como também operacionalizar por meio da aquisição desses extratores e disponibilizar às unidades federativas da forma que for conveniente.

ANFITRIÃO:

Meu caro, caminhando para o final da nossa conversa, em teu nome parabenizo à Diretoria de Inteligência Penitenciária da SENAPPEN pela iniciativa da Operação MUte e peço que deixe aqui as tuas considerações finais. Muito obrigado pelos esclarecimentos e grande abraço!

DELMONDES:

Mais uma vez reitero a minha grata satisfação de poder ter participado desse importante canal de comunicação, não só para a segurança pública, mas para toda a sociedade em geral! Eu desejo que Deus derrame sobre o senhor Graças e paz e proteção e muita saúde! Eu aproveito para estender aos demais colegas e a todos que estão ouvindo! Que a Graça do Senhor Jesus possa nos proteger e que Ele faça resplandecer a sua face sobre todos nós! A Mute é uma operação que veio para estabelecer de vez o importante nome da polícia penal no cenário nacional! Eu quero deixar um abraço a todos que contribuíram para a realização da Operação Mute! Esses que estão trabalhando diretamente e aos que trabalharam indiretamente, meu muito obrigado, porque se imbuíram diuturnamente com espírito de vontade de fazer e conseguiram obter os resultados da Operação Mute. Antes da gente acabar a nossa conversa, eu gostaria de, rapidamente trazer para o senhor aqui para os demais, os números da Operação Mute e a sua importância. Em números finais, 8199 policiais penais participaram dessa operação; 8569 celas foram revistadas. Foram apreendidos 2460 celulares, 3 armas de fogo e, foram 131.591 pessoas presas, de certa forma, que tiveram ali a Operação Mute nas suas unidades. Então, é uma operação de uma grande magnitude, mas o objetivo é único, que é levar à sociedade brasileira mais segurança com a polícia penal técnica, uma polícia penal precisa, uma polícia penal que está trabalhando para, cada vez mais, termos um país tranquilo e, especialmente, combater as organizações criminosas e tudo aquilo de ruim que ela traz! Meu muito obrigado! Mais uma vez, foi uma honra estar participando desse incrível canal! Obrigado a todos e um grande abraço!

ANFITRIÃO:

Honoráveis Ouvintes! Este foi mais um episódio do Hextramuros Podcast! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião! Quer saber mais sobre este e os demais conteúdos? Acesse www.hextramurospodcast.com! Comente e compartilhe nosso propósito! Será um prazer ter a sua colaboração! Pela sua audiência, muito obrigado e até a próxima!

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Washington Clark Santos

Produtor e Anfitrião.
Foi servidor público do estado de Minas Gerais entre 1984 e 1988, atuando como Soldado da Polícia Militar e Detetive da Polícia Civil.
Como Agente de Polícia Federal, foi lotado no Mato Grosso e em Minas Gerais, entre 1988 e 2005, ano em que tomou posse como Delegado de Polícia Federal, cargo no qual foi lotado em Mato Grosso - DELINST -, Distrito Federal - SEEC/ANP -, e MG.
Cedido ao Ministério da Justiça, foi Diretor da Penitenciária Federal de Campo Grande/MS, de 2009 a 2011, Coordenador Geral de Inteligência Penitenciária, do Sistema Penitenciário Federal, de 2011 a 2013.
Atuou como Coordenador Geral de Tecnologia da Informação da PF, entre 2013 e 2015, ano em que retornou para a Superintendência Regional em Minas Gerais, se aposentando em fevereiro de 2016. No mesmo ano, iniciou jornada na Subsecretaria de Segurança Prisional, na SEAP/MG, onde permaneceu até janeiro de 2019, ano em que assumiu a Diretoria de Inteligência Penitenciária do DEPEN/MJSP. De novembro de 2020 a setembro de 2022, cumpriu missão na Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, no Ministério da Economia e, posteriormente, no Ministério do Trabalho e Previdência.
A partir de janeiro de 2023, atua na iniciativa privada, como consultor e assessor empresarial, nos segmentos de Inteligência, Segurança Pública e Tecnologia.