Episode 58

QUEST2FREEDOM - Lições Contra o Tráfico e a Exploração de Seres Humanos.

Neste conteúdo, sob o patrocínio da Hex 360, uma empresa brasileira que apoia a luta contra o tráfico de pessoas, VICTOR WILLIAMS, nos apresenta a QUEST2FREEDOM, da qual é fundador e CEO, uma organização que se dedica a derrotar as questões globais em torno do tráfico de pessoas por meio de uma abordagem holística para educação, conscientização e defesa.

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Transcript

Honoráveis Ouvintes! Sob o patrocínio da Hex 360, uma empresa que combina tecnologia avançada e expertise da equipe técnica. Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Hextramuros Podcast! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião.

No episódio de hoje, com a tradução e locução de Victor Castro, converso com Victor Willians, fundador e CEO da Quest2Freedom, uma organização não governamental sediada em Miami, na Flórida, Estados Unidos, que luta contra o tráfico de pessoas. Ao prestar minha saudação, Vitor, te parabenizo pela coragem e esforço na criação desta organização de tão nobre propósito. Te agradeço, ainda, por aceitar a meu convite em qualificar o conteúdo deste canal e propagar esclarecimentos acerca da prevenção e combate ao crime de tráfico de pessoas! Seja muito bem-vindo! E, para começar, pode nos contar um pouco sobre você, a origem, a finalidade da Quest2Freedom e como e por que você decidiu criar essa organização?

VÍCTOR

Olá! meu nome é Victor Willians, agente especial aposentado da Homeland Security Investigation, ex-Coordenador da Força Tarefa de Combate ao Tráfico de Pessoas para o Estado da Geórgia e, agora, fundador e CEO da Quest2Freedom, uma organização antitráfico de pessoas que ajuda as vítimas em suas necessidades imediatas, educa comunidades e outras entidades sobre as questões culturais que perpetuam o tráfico de pessoas e faz parcerias com outras organizações para derrotar este crime horrível, que é a razão pelo qual a Quaest2Freedom foi criada.

ANFITRIÃO

O tráfico de seres humanos é um problema global que afeta muitas regiões do mundo. Você poderia compartilhar conosco algumas estatísticas ou fatos importantes que ilustrem a magnitude deste problema?

VÍCTOR

O tráfico de pessoas é uma indústria que movimenta mais de 150 bilhões de dólares em todo o mundo e há mais de 27 milhões de homens, mulheres e crianças que são vítimas desse crime! Na minha opinião, é o crime número um no mundo! E por esse motivo, se você possui um celular, se você comprar roupas e alimentos, você tem no mínimo de 40 a 60 escravos a seu serviço. Há mais pessoas comprando esses itens do que comprando drogas!

ANFITRIÃO

Uma das formas mais alarmantes de tráfico de seres humanos é a exploração sexual. Como a Quast2Freedom aborda essa questão e quais são os principais desafios nessa luta?

VÍCTOR

A Quest2Freedom aborda o tráfico sexual educando famílias e comunidade sobre as questões que colocam pessoas em posição de se tornarem vítimas. A maioria das vítimas de tráfico sexual é criada em suas próprias casas em todo o mundo! Eu explico aos pais que eles devem abordar suas questões de trauma, porque se não o fizerem, estão passando essas questões para os filhos - O que se chama trauma geracional - traumas não resolvidos tornam-se vulnerabilidade! E, vulnerabilidade, é o que os traficantes procuram explorar! Sim. As pessoas estão sendo levadas, mas a maior parte do tráfico sexual se deve à exploração do trauma. E a maioria das vítimas de tráfico sexual são mulheres e crianças.

ANFITRIÃO

O trabalho forçado é outra face sombria do tráfico de pessoas. Quais camadas são mais afetadas por esta forma de exploração e como a sua organização lida com isso?

VÍCTOR

O tráfico de mão de obra é 60 a 70% de todo o tráfico e, novamente, é criado a partir da vulnerabilidade dos homens, mulheres e crianças sendo exploradas. Nos Estados Unidos, a maioria das nossas vítimas de tráfico de mão de obra são imigrantes clandestinos, que é a sua vulnerabilidade, ameaçando de denunciá-los ao Homeland Security se não trabalharem por baixos salários ou mais horas! Alguns são forçados a se envolver em prostituição, que é outra forma de tráfico sexual! Se você come chocolate e não tem conhecimento sobre sua cadeia produtiva, é possível que o processo inicial desse produto de chocolate começou na Costa Oeste da África, com uma criança roubada ou vendida colhendo um grão de cacau. Quando se trata de tráfico de pessoas, compartilhamos algumas responsabilidades!

ANFITRIÃO

O tráfico de pessoas é um negócio altamente lucrativo para os criminosos envolvidos. Você poderia nos contar um pouco sobre os lucros gerados por esse comércio ilegal e como a Quest2 Freedom atua para combater esse problema?

VÍCTOR

Como mencionei anteriormente, é uma indústria de mais de 150 bilhões de dólares, sem contar as indústrias legais que se beneficiam deste crime, como as do ramo hoteleiro e de viagens! Os traficantes movimentam suas vítimas de um lugar para o outro e, quando chegam, precisam de um lugar para dormir. E comida para se alimentar. Na Flórida, onde eu moro, aprovamos uma lei que determina que todas as indústrias de conteúdo adulto precisam de placas informativas em inglês, espanhol e haitiano, alertando aos clientes e funcionários sobre o tráfico de pessoas, com o número telefônico afixado no verso das portas dos banheiros e no quadro de avisos de funcionários. Nós, também, aprovamos uma lei que estabelece que a administração do hotel e os membros da equipe sejam treinados sobre o tráfico de pessoas. A Quest2Freedom participa e educa comunidades e empresas sobre essas leis e outras questões que envolvem o tráfico de pessoas.

ANFITRIÃO

As redes criminosas envolvidas no tráfico de seres humanos são conhecidas e temidas por sua completa cidade e alcance global. Como a Quest2Freedom age para neutralizar tais organizações?

A Quest2Freedom está ciente de como o crime organizado transnacional usa o tráfico de pessoas como fonte de financiamento e faz alguma conscientização contra estas organizações através da parceria com a Força Tarefa de Tráfico de Pessoas do Sul da Flórida, que é liderada pelas autoridades policiais para comunicar essas questões às comunidades e outras organizações. Há forças tarefas de aplicação da lei em todos os Estados Unidos, que fazem parcerias com comunidade, redes e outras organizações para educar e aprender com elas o que estão vendo e vivenciando a partir de sua perspectiva. Fui coordenador dessa força tarefa por seis anos, quando eu era agente. Uma observação é que as forças tarefa são organizações definidas por lei e a coalizão é a provedora de serviços para as organizações, que conta com mais de 250 associados que prestam diferentes tipos de serviços.

ANFITRIÃO

O tráfico de seres humanos está frequentemente associado à marginalização das comunidades vulneráveis. Como sua organização lida com esse problema e busca proteger essas comunidades e as vítimas desse crime, em geral?

VÍCTOR

A legislação contra o tráfico de pessoas foi estabelecida pela primeira vez nos Estados Unidos, no ano dois mil, e nessas leis, fomos encarregados de abordar os três “PPP”, assim como todos os países do mundo. Esses três PPP são: Prevenção, que é a educação e conscientização, a Proteção das vítimas e a Prossecução dos agressores. A Quest2Freedom dirige-se principalmente à prevenção, educando sobre a consciência cultural que perpetua o crime de tráfico de pessoas e, abordamos a proteção, prestando assistência imediata às vítimas quando são reconhecidas pela primeira vez. Ainda não dispomos, mas estamos preparados para lidar com parte da acusação pela prestação de depoimentos de especialistas em processos judiciais. Há um quarto “P”, de Parceria que não faz parte da lei, mas é mencionado por especialistas neste espaço, porque todos sabemos que não podemos abordar esta questão sozinhos! Por fim, eu acrescento que o Departamento de Estado dos Estados Unidos produz um relatório de tráfico de pessoas a cada ano, em que eles classificam cada país em seus três PPP. No nível um está abordado todos os três PPP, no nível dois são países que normalmente têm problemas com processos e os países de nível três, geralmente, têm problemas com sua cultura. O Brasil está listado no nível dois, com questões de processo e abordagem de seu trabalho escravo, mas, o relatório afirma que o Brasil está se esforçando para fazer melhor. Sugiro que pesquise no Google o relatório de dois mil e vinte três.

ANFITRIÃO

Além das organizações não governamentais, qual a importância do envolvimento de organizações internacionais na luta contra o tráfico de pessoas? Como podem sensibilizar para a imposição de políticas educacionais mais amplas de prevenção e políticas mais rígidas para a repressão contra o tráfico de pessoas?

Quando comecei a trabalhar neste espaço e a conectar-me a outros países, havia uma política que, quando as forças da lei tinham reuniões, não incluíamos organizações não governamentais, o que foi um grande erro, porque as ONGs são as mais importantes entidades na sala! Você não terá um processo bem-sucedido sem sua vítima participando do caso. As ONGs e os prestadores de serviços são os que ajudam as vítimas a recuperarem suas vidas de volta, ajudando-os a se curar de todos os traumas anteriores e enquanto estavam sendo traficados. Se sua vítima não está em um certo nível de cura, ela não pode e não será de qualquer valia como uma testemunha no caso! A aplicação da lei nos Estados Unidos levou um tempo para entender essa questão e há alguns que ainda não entendem! Esta é uma das questões que o Questi2Freedom aborda ao educar os departamentos de aplicação da lei. Então, por favor, faça parcerias e apoie suas ONGs locais e prestadores de serviços às vítimas!

ANFITRIÃO

Como as pessoas e as comunidades podem se envolver na luta contra o tráfico de pessoas? Quais são algumas ações práticas que os indivíduos podem tomar para contribuir para esta causa?

VÍCTOR

Sugiro entrar em contato e se juntar à sua ONG local e ou organizações prestadoras de serviços às vítimas e/ou solicitando educação para as famílias, escolas, empresas e entidades governamentais. Se você não tiver acesso a uma, então comecem seus próprios programas de conscientização entrando em contato com seu departamento de polícia local ou a agência governamental. É importante envolver as comunidades para a proteção das famílias e das crianças!

Meu amigo, chegando ao final de nossa conversa, peço desculpas pela minha pronúncia de iniciante, repriso meus agradecimentos pela sua colaboração e que, em breve, possa visitar o Brasil para divulgar teus propósitos e fazer mais aliados na luta contra o tráfico de seres humanos. Muito obrigado! Grande abraço e suas considerações finais, por favor!

VÍCTOR

Quero agradecer por esta oportunidade de compartilhar essa importante informação com os seus seguidores e comunidade. Há muito mais a ser discutido, mas gostaria de levar algumas questões que venham da comunidade e questioná-los acerca do que estão vendo ou ouvindo. Essas perguntas são tão importantes porque muitas questões do tráfico de pessoas vêm de desinformação ou mitos. Confira o nosso site em quest2freedom.org ou q2f.org e siga-nos nas redes sociais! Obrigado, novamente! Ansioso para o que vem por aí! Cuidem-se e mantenham-se seguros!

ANFITRIÃO

Honoráveis Ouvintes! Este foi mais um episódio do Hextramuros Podcast! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião! No episódio de hoje, sob o patrocínio da Hex 360, uma empresa brasileira que apoia a luta contra o tráfico humano, com a tradução e locução de Victor Castro, conversei com Víctor Willians, agente especial aposentado da Homeland Security Investigation e fundador da Quest2Freedom, uma organização que combate o tráfico de pessoas.

Quer saber mais sobre este conteúdo? Acesse www.hextramurospodcast.com e compartilhe nosso propósito! Será um prazer ter a sua colaboração! Pela sua audiência, muito obrigado e até a próxima!

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Washington Clark Santos

Produtor e Anfitrião.
Foi servidor público do estado de Minas Gerais entre 1984 e 1988, atuando como Soldado da Polícia Militar e Detetive da Polícia Civil.
Como Agente de Polícia Federal, foi lotado no Mato Grosso e em Minas Gerais, entre 1988 e 2005, ano em que tomou posse como Delegado de Polícia Federal, cargo no qual foi lotado em Mato Grosso - DELINST -, Distrito Federal - SEEC/ANP -, e MG.
Cedido ao Ministério da Justiça, foi Diretor da Penitenciária Federal de Campo Grande/MS, de 2009 a 2011, Coordenador Geral de Inteligência Penitenciária, do Sistema Penitenciário Federal, de 2011 a 2013.
Atuou como Coordenador Geral de Tecnologia da Informação da PF, entre 2013 e 2015, ano em que retornou para a Superintendência Regional em Minas Gerais, se aposentando em fevereiro de 2016. No mesmo ano, iniciou jornada na Subsecretaria de Segurança Prisional, na SEAP/MG, onde permaneceu até janeiro de 2019, ano em que assumiu a Diretoria de Inteligência Penitenciária do DEPEN/MJSP. De novembro de 2020 a setembro de 2022, cumpriu missão na Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, no Ministério da Economia e, posteriormente, no Ministério do Trabalho e Previdência.
A partir de janeiro de 2023, atua na iniciativa privada, como consultor e assessor empresarial, nos segmentos de Inteligência, Segurança Pública e Tecnologia.